Visão de uma meditação #2


Visão de uma meditação #2

Vi alguns corpos se abrirem pelas próprias mãos, e do interior deles, nada saía: uma escuridão imensa, opaca e profunda. Consigo extrair dessa visão pequena e desmotivante, um fato brilhante: enquanto eu ver escuridão dentro de mim mesmo, verei escuridão nas outras pessoas ao meu redor. Enquanto me focar nos meus medos e partes ruins, tal será a impressão que terei dos outros.

Esses dias, após sair de uma meditação da pirâmide lá no UFU, conversei com um cara que me falou sobre o Hermes Trismegisto. Talvez a única coisa que eu saiba sobre esse tal de Hermes, é que se ele é uma pessoa, ele falou algo parecido com “o que está em baixo, é como o que está em cima”. E isso, por mais que eu sempre tenha compreendido, talvez só agora se torne uma lição muito importante: existe a necessidade urgente de compreender e tomar atitude para que meus pensamentos e atitudes interiores sejam positivos, para criar um mundo material igualmente positivo, afinal, se seguirmos a lógica, então temos que “o que há por dentro, é como o que há por fora”.

Enquanto escrevo, percebo um medo muito grande de estar escrevendo sobre coisas que talvez ninguém se interesse. Coisas como espiritualidade, filosofias, e outros assuntos que possam me tornar um excêntrico alheio ao mundo. Tenho medo que me achem esquisito por gostar dessas coisas e temas mais sensíveis. E aí paro para pensar: se aplicar a regra do Trismegisto, vejo que meu medo de ser quem eu sou, me traz à companhia de pessoas que estão igualmente com medo de quem são. E percebo isso. Tenho percebido uma grande falta de conexão minha com amigos que em outros momentos sempre estiveram juntos. Talvez todos nós estejamos passando por algum tipo de crise. Talvez eu tenha entrado em um fluxo que me tira a sintonia dessas pessoas. E a cada dia que passa a sensação é a mesma: me parece que nunca mais seremos tão amigos ou tão conectados; parece que a cada momento, ficamos um pouco mais afastados.

Enquanto eu me conformar em pensar desse modo, ou seja, que isso é um afastamento cujo processo não tem fim, então, terei mais disso. Terei mais distanciamento. É melhor parar de pensar desse modo, e deixar as coisas fluírem sem a influência de um pensamento negativo, delegando realmente ao universo os acontecimentos que estão fora do meu alcance.

Medos relacionados a minha capacidade de me relacionar com pessoas novas: busco a razão pela qual penso dessa forma. Olho pra trás e vejo que estabeleci amizades duradouras com pessoas diferentes ao longo da vida, mas não consigo me lembrar de como eu era quando os laços foram firmados. Como eu era quando as conquistei e fui conquistado? Muito provavelmente não foi em momentos como o que passo hoje, já que sinto que não consigo me conectar.

Ainda assim, existem algumas pessoas que vêm ao nosso apoio mesmo quando nos sentimos mal. Que tentam colocar nosso ânimo para cima, como se fossem enviados especificamente para essa missão. Existem dessas pessoas, que vem e vão; existem as que vem e ficam. Conheço algumas, e sei que sou essa pessoa para alguns outros. Absolutamente todos que nos aparecem à nossa volta com certa insistência têm algum papel na nossa evolução.

Continuo a partir daqui percebendo essa capacidade em mim: tal como outros podem me colocar para cima, e levantar meus ânimos, também sou capaz de fazer isto com outras pessoas. Aliás, faz muito tempo que não me vejo executando essa habilidade, e sinto que tenho muito pra ajudar. Sempre fui um bom ouvinte, e tive a oportunidade de ouvir histórias sinistras, felizes e grandes. Acho que é hora de deixar fluir do meu peito todo o conteúdo que absorvi, na tentativa não de me livrar do que tenho ou de esvaziar a mente, mas de engrandecer, animar ou estimular alguém à uma vida mais positiva.